Grupos Familiares
Estamos vivendo o tempo em que se exige qualidade total e excelência nas várias áreas do conhecimento. Na dimensão espiritual não se poderá agir de forma diferente. A confiança paulina em relação aos filipenses revela seu anelo de qualificação para eles, conforme podemos atestar no versículo: “Tendo por certo isto mesmo: que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao Dia de Jesus Cristo”, Filipenses 1.6
Hoje, mais do que nunca, o nosso alvo deve ser o aperfeiçoamento. De acordo com alguns comentaristas, o vocábulo aperfeiçoar, conforme está no original grego, significa acrescentar algo que ainda não foi experimentado e precisa ser completado.
O aperfeiçoamento começa com a transformação e renovação do entendimento para que se vá de força em força, de brilho em brilho e de fé em fé. Somos desafiados a aumentar a nossa percepção de Deus a fim de conhecermos a sua vontade e as necessidades de um mundo que está morrendo faminto sem ele.
Alguns textos bíblicos nos ensinam a necessidade de melhorar a visão espiritual para que possamos ser agradáveis ao Senhor. Jesus mandou que os seus discípulos abrissem os olhos para ver os campos brancos para ceifa, Jo 4.35. Depois de grandes sucessos no ministério do apóstolo Pedro, o Senhor se apresentou a ele em visão e ordenou que comesse os animais que se achavam no lençol. Deus insistiu por três vezes a fim de convencê-lo, dizendo: “Não chame impuro ao que Deus purificou”, At 10.15.
Através dos séculos, Deus levou os seus servos, patriarcas e profetas para verem o que ainda não tinham contemplado. Abraão viu a tocha de fogo antes que recebesse os detalhes sobre a promessa divina. Moisés viu a sarça que ardia e não se consumia, antes de ser comissionado como o grande legislador de Israel. Isaías teve uma visão poderosa do trono de Deus, antes de dizer: “envia-me a mim”. Jeremias viu a vara de amendoeira e a panela que fervia do lado do norte, antes de ser comissionado como profeta de Deus. Estes exemplos, entre outros, nos mostram que às vezes precisamos mudar o foco e levantar os olhos, para que tenhamos uma visão melhor e mais ampla, acerca da vontade de Deus.
Muitas igrejas já receberam a visão para desenvolver os grupos familiares, outras ainda não perceberam a importância e as vantagens que este ministério pode trazer para o crescimento do Reino de Deus. O fato é que a revelação da Palavra de Deus, o legado histórico e os novos tempos nos dão a convicção que a liderança eclesiástica precisa resgatar esta estratégia.
É cada vez mais comum pessoas da mesma família sentadas ao redor de uma mesa acessando mídias, enviando mensagens, enquanto ignoram uns aos outros presentes, estão juntos e solitários. Por que esperamos mais da tecnologia e menos uns dos outros? Dados estatísticos nos EUA sobre os que viviam sozinhos, em 1950 – 4 milhões (menos de 10% de todos os lares), em 2012 – mais de 32 milhões (28% de todos os lares). Mais de 40% nas cidades da nação de solitários. Não é só nos EUA, em Estocolmo (Suécia) 60% de todos os lares têm apenas um ocupante. Eric Klinenberg, sociólogo americano os chama de “desconectados”. Nesta vida autocentrada há espaço para a vida comunitária, de discipulado e mutualidade, proposta pelo cristianismo? Sim, sem dúvida, através dos Grupos Familiares podemos refletir a vida comunitária da trindade, seguindo a ordem de Jesus: façam discípulos. Estamos conectados com Cristo e uns com os outros, continuamos discipulando, servindo e fortalecendo a comunhão.
A nossa esperança é que a igreja, em todo mundo, veja a necessidade de implantar e desenvolver os grupos familiares. Temos a convicção que Deus aperfeiçoará o seu povo. Queremos dar a nossa contribuição através da nossa vivência na coordenação dos grupos familiares durante trinta e oito convivendo com as bênçãos geradas através desta tarefa no corpo de Cristo, na Assembleia de Deus em Santa Rita – PB.
Nesta árdua e gratificante tarefa, fomos conduzidos pelo Senhor para ficar mais perto e nos identificar com o povo e com as pessoas mais necessitadas. Esta convivência mais intima gerou afinidade e amor, com resultados frutíferos. Após a implantação dos grupos familiares, a igreja tomou um novo impulso. Na proporção que a igreja foi participando, sentindo e interagindo de uma forma mais efetiva com as pessoas, passou a percebê-las em sua tríplice dimensão: espírito, alma e corpo.
Depois da implantação dos grupos familiares, através da ação do Espírito e da construção de relacionamentos saudáveis, a igreja desenvolveu um ministério integral e multifacetado com a pregação e ensino da Palavra de Deus, assistência social, educação, ações de saúde. Em suma, o povo de Deus tem a oportunidade de efetivar seus multiministérios com relevância no contexto em que está inserido, através das diversas estratégias e métodos. O pastor Abraão de Almeida afirmou: “A igreja serve a sociedade infundindo nela poder criador e libertador, mesmo que essa sociedade seja economicamente pobre por causa das injustiças que existem neste mundo caído.
Os grupos familiares promovem um fervoroso senso de comunidade, levando a igreja a desenvolver sua missão de forma integral, a fim de servir a Deus e ao povo de forma solidária e eficaz. Martin Luther King disse: “Se a igreja de hoje não recuperar o espírito sacrificial da igreja primitiva, renunciará a lealdade de milhões que a deixarão de lado como irrelevante clube social, sem significado nenhum para o nosso século”.
Sejamos agradecidos a Deus. Cheguemos diante Dele, com ações de graças, pois Ele nos tem conduzido vitoriosamente, durante estes 38 anos de semeadura nos lares desta cidade. Estamos chegando perto de quatro décadas! Nesta fase de pós pandemia, prossigamos comemorando e seguindo neste processo de renovação e revitalização dos Grupos Familiares! Façamos sempre o melhor para o Amado Jesus, Ele é digno! Vamos continuar anunciando a Palavra da Vida, evangelizando, discipulando, capacitando líderes e servindo uns aos outros com perseverança, fé, amor e esperança!
Gilvanete de Andrade Costa Silva